Panorâma Internacional

ENQUANTO ISSO NA GUERRA FRIA...
por Jacqueline Lazzarotto
acadêmica em Relações Internacionais UNIBH
 
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo viu o surgimento de duas grandes potências que permaneceriam exercendo o papel de líderes mundiais por mais de 40 anos. De um lado havia os EUA, que defendiam a economia capitalista, que aclamava a democracia e a liberdade, e do outro havia a URSS, país com base socialista, que enfatizava a igualdade social e repudiava o domínio burguês e suas práticas liberais. Desta forma, observou-se uma reestruturação do sistema político internacional, uma vez que o mundo passou a ser divido entre capitalistas e socialistas. Enquanto tinha-se uma Europa Ocidental, uma América Central e Sul sob influência norte-americana, a Europa Oriental, o Leste Asiático e a Ásia Central viam-se sob influência soviética.
Em 1949, cria-se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança militar entre os países de origem capitalista que tinha como objetivo a proteção
internacional de seus membros caso houvesse algum tipo de ataque advindo dos países de origem socialista. A aliança entre os países vinculados a ideologia da URSS veio a ser criada apenas 1955. O Pacto de Varsóvia foi firmado e possui basicamente o mesmo objetivo que a OTAN, mas de países socialistas contra capitalistas. Essa situação de tensão advindas da relação entre essas duas superpotências acentuou-se com o início da corrida armamentista na década de 50.
O começo da Guerra Fria é marcado pela disparidade econômica e política entre as duas grandes potências. Era clara a superioridade norte-americana em relação aos soviéticos, que tiveram boa parte de seu território arrasada pelas batalhas da II Guerra Mundial. Os EUA possuíam uma economia mais desenvolvida além da maior Marinha e Força Aérea do mundo, naquele momento. Contudo, no início da década de 50, viu-se o começo de uma mudança quanto à essa desigualdade entre as duas potências. Esse período foi marcado pela chamada corrida armamentista.
A corrida armamentista é definida como o processo pelo qual um país pretende armar-se com o propósito de proteger-se contra o seu adversário. Paralelamente, este adversário se sente ameaçado com o aumento do arsenal de ataque do outro, investindo, assim, no seu aparato de defesa. Os países acabam se armando devido à desconfiança mútua.
No caso dos EUA e a URSS, fica claro o investimento focado no aumento do arsenal de ataque de ambos os países com o desenvolvimento da arma com maior poder destrutivo já conhecido: a bomba nuclear.
Em meados da década de 50, a corrida armamentista chegou a tais proporções que, no começo da década de 60, ambas as nações tinham poderio bélico suficiente para vencer e destruir qualquer outro país do mundo. A quantidade de armas construídas era suficiente para que tanto os EUA quanto a URSS sobrevivessem a um ataque nuclear massivo do adversário. A utilização de apenas uma fração do que restasse do arsenal após o ataque era capaz de destruir o mundo. O entendimento de que os EUA ameaçavam a URSS e viceversa levou ao uso de ambas as partes da estratégia denominada Destruição Mútua Assegurada (MAD sigla em inglês). Ela consegue ilustrar exatamente a situação em que se
encontravam as duas potências: cada lado possui armamento suficiente para destruir o outro e a ele mesmo e isso teria como resultado uma retaliação de força igual ou maior.
Partindo-se deste pressuposto, nem os EUA nem a URSS se atreveriam atacar primeiro pelo simples fato que se fizessem isso o outro lado agrediria, com base nos preceitos de defesa preventiva, com seu poderio bélico, resultando na destruição de ambos os lados. Essa estratégia deu ao sistema internacional um caráter tenso, mas pacífico.
Os dois países, percebendo essa paridade entre arsenais nucleares e a ameaça que elas posavam para as duas nações e, ainda, tendo como base a doutrina MAD, entraram em uma nova fase na Guerra Fria: a coexistência pacífica. Outro aspecto que auxiliou na entrada nessa nova fase foi a morte de Josef Stálin em 1953 assim como o novo Secretário-Geral, Nikolai Bulganin, da URSS, que assume o poder em fevereiro de 1955. Foi, também, em 1955 que se encontraram pela primeira vez os representantes da URSS e dos EUA, assim como os representantes da Inglaterra e França, em Genebra com o intuito de discutir as alternativas para que essa coexistência pacífica fosse possível.
O processo percorrido para que se conseguisse alcançar algo que se assemelhasse a paz, levando em consideração as circunstâncias em que se encontravam o sistema internacional da época, foi longo e, de certa forma, pouco eficiente no sentido de que a corrida armamentista continuou como um dos aspectos intrínsecos à Guerra Fria, mesmo que se ela não ocorresse com a mesma intensidade de antes.

Eventos importantes da década de 1950 para a Guerra Fria:

- 1950: Início da Guerra da Coréia

- 1952: Teste da primeira bomba termonuclear (hidrogênio) pelos EUA;

- Março/1953: morre Josef Stálin e Nikolai Bulganin assume o posto de Secretário-Geral da URSS;

- Julho/1953: término da Guerra da Coréia;

- Maio/1955: firma-se Pacto de Varsóvia

- Julho/1955: encontram, em Genebra, Dwigh Eisenhower e Nikolai Bulganin;

- 1956: Guerra de Suez

- 1957: Início da Corrida Espacial com o lançamento de Sputnik, pela URSS;

- 1959: Crise dos Mísseis;

- 1960: Início da Guerra do Vietnã

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