Cuba em revolução

O INÍCIO JÁ NOS DIZ MUITAS COISAS
Fidel Catro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Sierra Maestra, Santa Clara, Habana e Santiago são protagonistas e cenários de eventos importantes que conduziriam ao que se denominou Invasão à Baía dos Porcos de 1961

por Rafael Silva
acadêmico em Relações Internacionais UNIBH

Os eventos que desencadearam o episódio da Bahia dos Porcos nos remetem para o início da Revolução Cubana de 1959. Esse movimento armado teve como objetivo principal a derrubada de Fulgencio Batista que, por meio de um golpe ensaiado em 1952, instalou uma ditadura militar. A continuação se deu por um nível escandaloso de corrupção e o enriquecimento de uma oligarquia reduzida que chegou a afetar notavelmente à incipiente classe media cubana, sendo isso um dos motivos que levou a conformação de uma oposição generalizada e partidária para desalojar Batista do poder . Fidel Castro (que, aos 26 anos, estava perto de ser eleito para o Congresso cubano quando ocorreu o golpe de Batista) e seu irmão, Raul Castro, formaram na clandestinidade o movimento guerrilheiro “26 de Julho” (M-26-7) após saírem da prisão onde ficaram quase dois anos por organizarem uma ofensiva armada para tentar tomar o quartel Moncada em Santiago de Cuba em 1953, juntamente com muitos jovens que se desligaram do Partido Del Pueblo Cubano.
O M-26-7 ganhou força a partir de 1956 quando Fidel e Raúl se dirigiram ao México e lá puderam organizar a Revolução Cubana que agora passava a contar com o apoio de nomes como Che Guevara e Camilo Cienfuegos.
O começo da empreitada foi amplamente desastroso. O grupo formado por oitenta e dois guerrilheiros partiu em 25 de novembro do porto de Túxpan no México no yate Granma, para uma viagem que foi um verdadeiro fiasco. Ao invés de cinco dias gastaram-se sete, o enjôo nas águas agitadas do Golfo do México debilitou os rebeldes que desembarcaram em lugar errado na costa Caribenha de Cuba e a chegada que deveria coincidir com um levante liderado por Frank País em Santiago de Cuba, foi ao invés disso, recebida por um reforço de tropas a mando do ditador Batista que também enviou patrulhas navais e áreas para interceptar o grupo de Fidel ao desembarcar. O levante de Santiago malogrou sem os guerrilheiros e sem o efeito surpresa.
Os guerrilheiros do M-26-7 foram pegos de surpresa pelo ataque do exército do governo e Fidel acabou por perder a maior parte de seus homens e suas armas. Os sobreviventes seguiram completamente desorientados rumo à Sierra Maestra.
Em Sierra Maestra, o Movimento 26 de Julho se organizou em todo o país, buscando apoio de partidos opositores, movimentos estudantis e sempre que possível dando entrevistas para a imprensa internacional a fim de conseguir apoio de autoridades estrangeiras. Esses instrumentos foram eficazes em lograr adeptos ao movimento, sobretudo de negros e pobres, ou seja, os mais marginalizados da sociedade cubana que sofriam com o crescimento da fome, o alastramento de doenças e condições de vida miseráveis.
Não demorou muito para que Fidel delegasse comando aos homens mais experientes de seu grupo. Che Guevara, cuja fama era cada vez mais crescente entre os defensores do governo, ganhou uma tropa que agiria sobre o seu comando, a chamada Quarta Columna (na verdade existiam apenas duas, a idéia de “Quarta” era uma forma de enganar o inimigo criando a impressão de que haviam mais tropas).

"La propaganda contra él (Guevara) era masiva; se decía que era un asesino a sueldo, un criminal patológico..., un mercenario, que prestaba servicios al comunismo internacional... que utilizaban métodos terroristas que socializaban a las mujeres y quitaban a los hijos... Ellos decían que a los soldados que caían prisioneros, los amarraban a un árbol y les abrían el vientre con una bayoneta"

Através de uma organização bem consolidada e de planos bem elaborados, os rebeldes começaram a promover ataques ao exército cubano. Mas, a ofensiva não demorou muito a se apresentar. Em maio de 1958 o exército montou uma ação estratégica que consistia em massivos e constantes bombardeios em torno da Sierra Maestra com o intuito de desgastar os rebeldes que já somavam mais duas centenas.
Durante um mês, aproximadamente, o plano parecia dar certo. No entanto, Che conseguiu organizar uma nova “Columna” a qual chamou de “Ocho” que obteve sucesso ao cercar as tropas do governo cujos membros não puderam fazer nada mais do que fugirem demonstrando, assim, a fragilidade de Batista e o grande potencial do movimento guerrilheiro que agora se mostrava mais convicto em tomar toda Cuba. E foi justamente isso que aconteceu.
A batalha de Santa Clara em fins de 1958 foi decisiva, pois era a última cidade a ser tomada antes do centro da ilha, ou seja, da capital Habana . Nesse momento destacavam-se as “columnas” de Camilo Cienfuegos e de Che que lutaram contra os homens do exército e tomaram um trem blindado que o governo havia enviado para fortificar a capital. Isso simbolizou a caída de Batista, que por sua vez decidiu fugir para Santo Domingo em uma atitude desesperada, deixando o país totalmente desestruturado e sob o comando do General Eulogio Cantillo.
A madrugada do dia 1 de janeiro de 1959 ficou na memória dos cubanos que vivenciaram seus acontecimentos. Habana foi tomada pelas tropas da Segunda Frente Nacional de Escambay e um dia depois chegaram as tropas comandadas por Camilo Cienfuegos e Che Guevara que imediatamente detiveram o General Castillo e tomaram o Campo Columbia e a Fortaleza de San Carlos de la Cabaña. Concomitantemente, a tropa de Fidel Castro tomou o controle de Santiago de Cuba e a declarou capital provisória sob o comando de Manuel Urrutia Lleó, o novo presidente da Nação.
As forças rebeldes triunfantes em toda a ilha começaram a deter membros da ditadura de Batista (policiais e soldados) e julgá-los por crime de guerra e violação dos direitos humanos (como assassinato e tortura). Os condenados foram em sua maioria fuzilados como forma de acabar com possíveis opositores ao governo em vigor e como símbolo maior da justiça revolucionária.
Até então o novo governo de Cuba tinha o apoio dos Estados Unidos que reconheceram as decisões de Fidel Castro e seus ideais de injustiça e combate à corrupção. Mas esse apoio não seria tão duradouro como parecia, os processos de expropriação e nacionalização afetou diretamente a classe mais alta e algumas empresas estrangeiras, especialmente as norte-americanas. Além disso, as primeiras reformas industriais, a nacionalização dos bancos e as campanhas de alfabetização em massa e de cuidados de saúde colocaram os Estados Unidos em alerta e com o tempo as palavras de Fidel iriam mudar substancialmente:

“Eu sei que o mundo pensa de nós, somos comunistas, e, claro,eu tenho dito muito claramente que não somos comunistas, muito claramente”
Fidel Castro em explicação sobre a
Revolução Cubana nos Estados Unidos, em 19594
Já dizia Plutarco: "O tempo é o mais sábio dos conselheiros."
Veja também: Che e Baía dos Porcos

3 comentários:

  1. Eu sei que o mundo pensa de nós, somos comunistas, e, claro,eu tenho dito muito claramente que não somos comunistas, muito claramente” <--- Se vc tivesse se dado ao trabalho de ler mais veria que Fidel Castro não era comunista mesmo. :) Agora... vá vc pesquisar pq.

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  2. Acho que faltou criatividade nesse texto

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